domingo, agosto 20, 2006

Viola de pedra

Eu penso cá, seu moço, que a viola tem as corda de aço pra podê aguentá o peso do sentimento que o cabôco põe nela. Pois se ansim num fosse, se a viola quebrasse as corda, quebrava tamém as nossa esperança. Quantas vez com a viola abraçado senti as corda dançando tali-quá as batida do meu peito. De vez mais eu saluçava mais bonito ela falava, querendo me acalentá com suas toada. Quando das vez que a lua saía viçosa do negrume pra alumiá minha tristeza, é que os dedo contava meus queixume pra viola e ela arrespondia com moda tão maraviosa que inté bicho ingnorante de emoção parava suas matança pra cantoria iscutá. Descansada na cacunda, eu levava ela pelo caminhá. No mato, seu moço, hora tem de se enfiá na saroba pra fugi da amargura que enfraquece o entendimento. Cortá o sertão de sol rebentando pra percurá o juízo que se desgarra e fica perdido nalgum lugar por munto tempo e muntas terra andada mas sempre ruma pras barranca do rio. O vento leva, mas as água traz de vorta. Antão o cabôco nas barranca, se acocora e espera o sol apagá o seu corpo nas água. Enduetada com as cantiga da viola, as água vai levando a dor da sodade. Fui, mas sorte não tive, seu moço, de vortá são. Nesse memo rio que pinguei minhas mágoa, ajeitei uma dor de coração. Desceu pelo remanso uma canoinha que trazia um pedacim do sol quando morre vermeio. Meu coração abobeceu e começou a faiá deferente. Parece que nesses causo a natureza ranca a força das perna da gente pra podê usá nas coisa bonita que ela faz. Eu que tinha as mão sempre esperta na viola, garrei a tremê que nem quando relampeia em chuvarada.Quando a canoinha foi se aproximando, meus óio que já tava alagado viu a criatura que de maior formosura nem o sinhô, meu patrão, há de vê nas palavra de poesia. Bem pertim de mim, senti um oroma que iguá num existe na natureza de nenhuma flô, pruquê cabôco prefume no mato cheirô, larga da enxada e dá de sentir amô. Tinha os cabelo de água feroz, bem cumprido, escorregando pelos ombro. Os pezim dela era duas frutinha madura de mel que passarim num bicô. Ela pissuia um corpo que alembrava as curva da viola e que a gente tem de acarinhá com muita dilicadeza pra iscutá o silêncio dentro dele. Vancê, passa as mão na sua farda dilicada, seu moço. Pois num é qui nem a pele dela. Se um dia eu rasgá um pedaço das nuvem pra comparação, elas vai assemeiá cascaio. E se um dia o sinhô vê a noite mais escura, é que ela pegô de emprestado a arvura da lua pra enfeitá o sorriso e o acende-apaga das estrela pra brilhá naqueles oím pequeno. Devagarim veio chegando, me espiando feito bicho amansado e abriu os braço pra me agasaiá um abraço. Suas unha arrastô as corda da minha viola nas minhas costa e temperô o som dela com açúcar. Os braço dela me arrodeô e eu ajuntei meu corpo com o dela e aí, seu moço, num tem sabença que explica os golpe que a gente sente na alma. Aqui pru dentro fica tudo querendo arrebentá. Quando a gente tava quage se gostando, as água revirô, a canoinha foi se indo pra trás e apartô a gente. Comigo ela deixô um punhado de rio seco e sodade e levou outra porção da minha sastifação pra longe com ela. O que as água traz, o vento leva de vorta. Adespois daquele acontecido, seu moço, eu acho memo que as corda da viola devia de sê de pedra.